Friday, December 19, 2008

A Twitch Upon the Thread

20081207_stiria_17

Póvoa de Santa Iria, 20081207

6 comments:

Anonymous said...

As últimas 5 podia ter sido eu... Cabos e postes e recortes de luz :)

Anonymous said...

É como se deitada sobre as ervas visse o céu cinzento a amaciar-me a vista, a vegetação a proteger-me a nudez e os cabos electricos, em postes pousados, a recortarem-me o horizonte, rendelhando a luz ténue que me afaga o olhar perdido, algures entre as nuvens. Ali, enregelada pelo frio de inverno, entrelaçada no corpo de alguém, arrepiada de terror pelo que se seguirá, fingindo em tremores abraçada forte um caso amoroso, em breves instantes de curta vida do mesmo momento que nos trouxe ali, ali nos manteve e dali nos leva. Uma vontade que desconheço. Talvez tão confusa e dispersa como a corrente electrica que segue no interior dos cabos negros, talvez tão balançante como o vibrar das varas verdes e frágeis, talvez tão cinzenta como as nuvens sem céu azul. A manta é de lã, daquelas com que sonho em piqueniques primaveris, mas não há rio, nem verde, não há risos ecoantes de crianças, nem anel no dedo, há sexo descompremedito, paixão fugaz que se vai, um sentido de desconfiança que se torna confiante e reconfortante porque só aquele momento nos pertence, porque não há passado nem futuro e o presente está deveras congelado, sem que se mova ou demova qualquer tipo de emoção e fingimos, mentimos e enganamos... Como se amassemos, sem que haja amor ou calor que nos faça queimar ou arder, não há chama que nos mantenha ali, por mais do que escassos minutos que se vão, entre beijos fugidos, lábios mordidos e promessas a não cumprir. É um fingir quase poetico, como se tentassemos reconfortar-nos e reconforta-la ou reconforta-lo, mas desejamos mesmo sentir que alguém se importa, que nos preocupamos, queremos fingir que é um laço que enlaça, quando apenas o estamos a desenlaçar. É iludir sem magoar, um sentir sem sentimento, um afagar desprepositado, sem que a brisa mude e o tom de voz deixe de ser doce, é uma despedida falsa, porque não nos despedimos, mas esquecemos e está tudo bem, nem que o coração ao peito sejam farrapos desconhectados ao vento frio de uma estação qualquer!

kiasma said...

pois é Hugo, os postes e os cabos são uma tentação...
Augusta, gostei das frases de introdução.Olhar o céu é assim mesmo...

kiasma said...

ah... " a vegetão a proteger-me a nudez" ... gostei

Anonymous said...

Great Site. Was added to mybookmarks. Greetings From USA.

kiasma said...

Greetings from Portugal. Thank you for your comment.