Olho-a, com aquela perversão de a tomar, como se fosse minha, um lugar ao longe que me espera, imóvel como se estivesse ali uma eternidade por mim, ao fundo do túnel, quase que intocável ao tempo e à vida. Um recanto com vista para o mar, para o horizonte imenso, que reduz o ser humano à pequenez distinta do quotidiano e do comodismo rotineiro, um cenário gelado num momento de paz de alma, ou revolta de espírito... Um encaixe para quem se senta e atinge a ambivalência da situação, um encontro casual entre a mesa e a cadeira, o túnel e o horizonte, com a areia como visão tremida de um céu em guerra. A descrição do nosso mundo jaz num pequeno rectângulo de imagem. A inércia dos humanos, parados sobre e sob o mundo, vendo a multidão a morrer esfomeada, entre guerras, batalhas e especulações religiosas, o apocalipse a chegar, e tomam o seu ar altivo, dentro do seu mundinho medíocre, para um humor de comodismo e bem-estar, sem que o exterior os atinja, só os enoje, como se fossem superiores a tudo isto. Sem, que se apercebam, que haverá sempre alguém a olha-los, alguém que se distinga e se enoje sim com eles, com a sua posição pseudo-activa na vida... Como se o céu só desabasse sobre alguns. Talvez, por tudo isto e muitas mais leituras que me surgem à mente, dou meia volta e sigo caminho, de costas voltadas para toda a sua objectividade e subjectividades, não desejo o lugar ao sol enevoado de inverno.
3 comments:
Olho-a, com aquela perversão de a tomar, como se fosse minha, um lugar ao longe que me espera, imóvel como se estivesse ali uma eternidade por mim, ao fundo do túnel, quase que intocável ao tempo e à vida. Um recanto com vista para o mar, para o horizonte imenso, que reduz o ser humano à pequenez distinta do quotidiano e do comodismo rotineiro, um cenário gelado num momento de paz de alma, ou revolta de espírito... Um encaixe para quem se senta e atinge a ambivalência da situação, um encontro casual entre a mesa e a cadeira, o túnel e o horizonte, com a areia como visão tremida de um céu em guerra. A descrição do nosso mundo jaz num pequeno rectângulo de imagem. A inércia dos humanos, parados sobre e sob o mundo, vendo a multidão a morrer esfomeada, entre guerras, batalhas e especulações religiosas, o apocalipse a chegar, e tomam o seu ar altivo, dentro do seu mundinho medíocre, para um humor de comodismo e bem-estar, sem que o exterior os atinja, só os enoje, como se fossem superiores a tudo isto. Sem, que se apercebam, que haverá sempre alguém a olha-los, alguém que se distinga e se enoje sim com eles, com a sua posição pseudo-activa na vida... Como se o céu só desabasse sobre alguns.
Talvez, por tudo isto e muitas mais leituras que me surgem à mente, dou meia volta e sigo caminho, de costas voltadas para toda a sua objectividade e subjectividades, não desejo o lugar ao sol enevoado de inverno.
Cara Augusta, obrigado pela leitura. Deixemos "o lugar ao sol enevoado de inverno" à espera.
Costa Nova :)
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