Thursday, December 18, 2008

Charles Sheeler, de novo

20081207_09stiria

Póvoa de Santa Iria, 20081207

2 comments:

Anonymous said...

Perdi-me num caminho que não existia, porque nós já não eramos e eu estava vazia. Mudei-me e desejei estuque pele cravejado em meu corpo. Amava-te de forma tão claustrufobica, como a sensação de estar assim presa num corpo quente que frio antes fosse. Assombravas-me a vida e a casa, a visão e a ilusão onírica de meu mundo dourado, fazias-me gargalhar sorrisos tristes a olhar-te assim, sereno e revoltado, sentado perto do horizonte que tanto sentias teu, mas não ali, apesar de ali pereceres ao tempo, sem que tua matéria ali pousasse. Mas, eu continuava sentada e tu continuavas a olhar-me, eu continuava atordoada e de visão turva, até que meus olhos cerrassem uma vez mais, deixando assim voar o sonho que me fazia acordar molhada ou a masturbação que me levava aos meus mais recondidos desejos de ti. Em todos esses momentos, deitada sobre o sofá de veludo vermelho, que sempre quis e tu nunca me deste, para assim estucar a parede, vinha-me para mim, tendo-te penetrante em mim, sem que em mim penetrasses, sentia-te o colo e o ritmo, como se alucinasse antes mesmo de estar alheada do mundo, antes mesmo de me embreagar no desgosto ou drogar na saudade! Enlouquecia porque te tinha, ali, frente à janela de uma casa que era nossa, sem que lá alguma vez tivesses pisado, foi a luxúria insana de tentar prender um rasgo de ti, na sofreguidão desesperada da frustração do querer que me fazia rasgar a tez com as unhas afiadas, avermelhadas pela dor agora materializada. E a janela continuava aberta, a sala escura, sem que a assaltasses, como tantas vezes te vi, de cabelos bailantes no movimento que é rápido mas congela, no olhar que me espeta, me cruza sem que o veja, como o sentir de tuas pingas de suor sobre minhas costas, a tua mão entre meu peito a entrelaçar-me no cavalgar, de dedos fechados entre meus mamilos encaixados, num gritar o momento com o silêncio dos gemidos. E, perdidos ali, naquele universo que não existe, de olhos postos num céu carregado que desabará para nós no pecado da gula que nos temos, abraçados e emaranhados, de roupa sobre os móveis a emoldurar o cenário, juntos, com o fogo a queimar-nos os corpos e a fogueira a avermelhar-nos as faces, rosamos e num sorrir de satisfação, tocamos lábios num raspão doloroso, que me faz acordar, perdida no caminho que não existe, que não há, porque tu não mais cá me amas e eu cá amo-te mais...

Anonymous said...

gosto, como é óbvio :)